Biografia
O nome Ramalho representa o ponto mais alto do Figurado Barcelense, que teve no seu auge Rosa Ramalho. As gerações posteriores, nomeadamente Júlia Ramalho e seu o filho, António Ramalho, continuam uma tradição que representa a herança da cultura barcelense.
Herdeira artística de uma das maiores artesãs na arte de moldar o barro, Júlia Ramalho soube, desde cedo, criar e dar vida própria às suas peças. Teve seis filhos. A geração Ramalho mantém vivo o legado de uma tradição única através deles, que também gostam de moldar o barro.
António Ramalho é um dos filhos de Júlia que seguiu as pisadas da mãe, mas tenta também dar um cunho próprio às suas peças. Nasceu a 4 de fevereiro de 1969, em Galegos S. Martinho e contacta com esta arte “desde que nasceu”. Tal como os seus irmãos ajudava a mãe naquilo que podia, “a preparar o barro porque há muitos anos atrás não trabalhávamos com máquinas, utilizávamos o aloque, o barro era amassado com os bois, tudo manual”.
António acompanhou a transição para o uso das máquinas, mas mesmo ajudando a mãe completou o 9º ano e tirou o curso de técnico administrativo, profissão que ainda exerceu, mas à qual não se adaptou. Foi, então, a partir dos 17/18 anos que se começou a dedicar ao barro. “Mas isto não se aprende de um dia para o outro, a mãe foi ensinando como se fazia e ainda demorou algum tempo até que conseguisse acabar uma peça do princípio ao fim, não foi imediato”. Recorda que quando eram mais novos a mãe punha-o a ele e aos irmãos a fazer os espinhos do porco espinho, peça que a mãe ainda hoje faz. Foi um longo processo de aprendizagem, “só que eu fui ficando, ficando e acabei mesmo por ficar.” De todos os irmãos é o que se dedica de forma exclusiva ao Figurado.
Tudo o que aprendeu deve à sua mãe, mas também à sua própria experiência. Apenas fez uma pequena formação na área da pintura, que lhe deu alguns conhecimentos muito importantes relacionados com as cores.
Enquanto que a sua mãe se liga mais às coisas populares, à religião, António considera-se mais vanguardista. “Fugir a isto não posso, mas também quero fazer as minhas coisas.”
Partilha com a mãe o tipo de peças que executa desde os santos, as medusas, bacos, diabos, figuras fantásticas e os pecados mortais, entre outros. António segue a tradição familiar, procurando sempre dar um cunho próprio às suas peças, mas não consegue explicar como surgem. No dia-a-dia vão surgindo novas ideias e “pego numa folha em branco e faço uns riscos e a partir dali sai qualquer coisa”. Contudo, apesar de fazer as suas próprias peças, continua a trabalhar em equipa com a sua mãe sempre que ela precisa.
Em 1991, António Ramalho recebeu uma Menção Honrosa, no Prémio Nacional de Artesanato, com uma peça chamada Incógnita. Normalmente vende nas feiras com a mãe, cada um com as suas peças, nomeadamente, na Mostra de Artesanato de Barcelos.
Ao longo do seu percurso de trabalho António fez várias paragens, emigrando para vários países: Inglaterra, França e Alemanha, mas de todas as vezes regressou às origens. É destas raízes que pretende fazer vida.
Contactos
António Ramalho – Artesanato Certificado
Rua Júlia Ramalho, n.º51
4750-484 Galegos S.Martinho
Tel. 253 841 520
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E-mail: antonioramalho.artesanato@gmail.com
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