Conceição Dias Pereira tem 67 anos e uma carreira de 33.
A ligação aos bordados e à tecelagem já vem desde os tempos da sua avó, que semeava campos de linho. Antigamente fazia-se tudo, desde a plantação do linho até o fiar. Hoje em dia compra-se o linho já fiado à máquina.
Ressalva a evolução desta arte, e destaca as diferenças entre o “velho” e o “novo”: “Antigamente não se faziam estes desenhos, eram toalhas muito simples. Não faziam linhas abertas nem franjas muito trabalhadas.”
Há 32 anos ingressou num curso criado pela Câmara Municipal de Barcelos e pelo Centro de Emprego, onde aprimorou as suas capacidades na área. Desde aí, abraçou a profissão a tempo inteiro.
Fez feiras de artesanato de norte a sul de Portugal, passando pelas várias cidades que aderiam à iniciativa. Tem uma filha que ajuda de vez em quando com algumas peças e que ganhou gosto nesta arte, participando muitas vezes consigo nestas feiras.
Conta que hoje já consegue fazer muitas peças “de cor”, mas que ainda há muitas que são demasiado complicadas para o fazer. Tem a ajuda do marido, que é quem faz os desenhos no papel, para mais tarde a própria Conceição dar vida no tear.
O trabalho e tempo dedicado ao seu trabalho fazem com que tenha criado muitas peças a que atribui valor sentimental, e muitas vezes “custa vendê-las”, “A gente ganha amor às peças”.
Confessa que eventualmente chegará o dia de deixar o artesanato “Vai ser difícil de deixar”. Acorda a pensar e a idealizar as peças que vai fazer, e enquanto não as terminar “não descanso”. Embora saiba que a sua filha tem gosto pelo ofício, acredita que o “legado” não tem continuidade, muito pela falta de oportunidades e qualidade de vida.
“Um dia os nossos teares vão todos para o fogão”, diz entre risos.
