Glória de Jesus nasceu no meio dos trapos e toalhas. Os bordados e a tecelagem já vêm desde o tempo das suas avós e da sua mãe. As avós trabalhavam num pequeno tampo, de joelhos, enquanto as crianças rodeavam as anciãs curiosas e hipnotizadas pelos gestos. Recorda que muitas vezes se lhes juntavam tias e vizinhos, criando-se aglomerados de cerca de 50 pessoas.
Tinha 5 anos quando começou a trabalhar, fazia pequenas tarefas a mando da irmã, embora a mãe não achasse necessário.
Conta que à medida que ia crescendo dizia à mãe que não queria esta profissão, e que queria experimentar outras coisas. Na sua opinião, eram muitas horas seguidas sentada a trabalhar, sempre de olhos postos nas mãos, ainda assim, confessa que o bichinho “estava ali”. Quando menos esperava começou a gostar e a interessar-se cada vez mais pela arte, mesmo que tenha tentado outro trabalho.
Depois de casada, apareceu-lhe um problema de saúde na perna, e com a mãe doente assumiu o cargo. A partir daí começou a trabalhar a tempo inteiro, ficou com os clientes que eram da sua mãe e o seu negócio descolou “Tudo o que fazia tudo vendia”. Por vezes trabalha 15/16 horas diariamente, simplesmente por se ter tornado um hábito.
Chegou a fazer uma feira em Vila do Conde, a convite da organização, na qual ganhou um prémio. Não era costume Conceição fazer feiras, uma vez que já tinha muito trabalho. Depois daí, recebeu inúmeros convites para participar em feiras de outros concelhos, mas o trabalho era tanto, que acabava a recusar.
Diz-se uma pessoa otimista, mas não tem perspetivas de ver continuidade no negócio familiar.
