Joaquim Ferreira Esteves nasceu na freguesia de Galegos Santa Maria, a 13 de Dezembro de 1957, no seio de uma família de barristas. É filho de Manuel Esteves e de Rosa Macedo. Desde criança que manuseia o barro e faz pequenas peças e figuras com esta matéria-prima. Todavia, a manifestação efetiva do interesse pelo barro e pelo trabalho manual aconteceu aos 10 anos, aquando da primeira visita que efetuou ao Museu Regional de Cerâmica Popular, atual Museu de Olaria. Esta visita é, segundo o artista, um “marco” na sua ligação à arte do trabalho no “Barro”. Desde então, começou a trabalhar junto do seu pai no enchimento de moldes cerâmicos e acabamentos. Apesar desta ligação às artes oláricas, apenas aos 25 anos começou a modelar peças da sua criação, nomeadamente na pintura de cerâmica decorativa diversa.
No período compreendido entre 1991 e 2001, dedicou- se à produção em série de peças decorativas para exportação, entre as quais se destacam os vasos. Em virtude da crise que afetou este setor produtivo em meados dos anos 80/90 do século passado, viu-se obrigado a deixar este negócio.
É por esta altura, em meados de 2001, que inicia a produção de peças de autor num domínio mais próximo do figurado de Barcelos. O perfeito domínio da técnica de modelação permitiu-lhe elaborar peças de grande rigor e qualidade, tendo-se distinguido num registo pouco comum no artesanato de Barcelos: a Caricatura.
Este registo artístico e a excelência das composições elaboradas permitem-lhe obter uma notoriedade relevante em pouco tempo. As primeiras caricaturas que reproduziu em barro foram o pai de George W. Bush e a de Boris Yeltsin. A partir daí, seguiram-se muitas outras, das quais se destacam A. Einstein, A. Hitler, Bin Laden, Figo, Manuela Moura Guedes, Pinto da Costa, José Mourinho, Teresa Guilherme, entre muitos outros do panorama mediático. Depois deste início auspicioso de carreira na modelação de peças de autor, o artista ganha uma relevância muito interessante no contexto artesanal nacional, tendo participado, inclusivamente, em programas televisivos com audiências relevantes.
Joaquim Esteves mantém a sua humildade, apesar dos constantes reconhecimentos da excelência técnica do seu trabalho, e afirma que “é apenas um autodidata a cem por cento”. Apesar de possuir apenas a 4.ª classe, afirma-se também pelas suas posições firmes e por uma visão do mundo muito própria, por vezes em ruptura com os cânones estabelecidos, visão esta que imprime nas suas peças.
Trabalha diariamente com a sua esposa, Filomena Maria Rodrigues Macedo, também proveniente de uma família de oleiros de Areias de São Vicente ,e que o ajuda na pintura das peças. O artista confessa, contudo, que “não perdeu a esperança de ver os 3 filhos a trabalhar e a criar no barro”.
Com um sentido de criatividade único, tem uma capacidade muito particular de inovação na forma e no design das peças, e apesar das metodologias artísticas se aproximarem do figurado tradicional, consegue dar às suas peças um aspeto muito próprio que lhe permite ter um registo artístico ímpar ao nível da arte popular nacional. O seu trabalho é muito variado e colorido. O artesão caracteriza-o como sendo uma “crítica social e de intervenção, especialmente nos domínios da religião, história e política”.
Faz também outro tipo de peças, além das caricaturas, como por exemplo Santos, Cristos, a Ceia dos Canibais, figuras dos Descobrimentos, galos, entre outras. Aliás, muitas das suas peças tiveram um efeito significativo na sociedade, como são exemplos as “Ceias”, os “3p’s, entre outras.
Mas para além desta faceta interventiva e de sátira é um artista de desafios, de coisas novas e inovadoras, não gosta de fazer sempre as mesmas peças, é adverso à rotina.
