Luísa Gomes Pereira, filha de Joaquim da Silva Pereira e Amélia da Costa Gomes, nasceu a 18 de junho de 1976 em Bordéus, França. Regressa a Portugal, mais precisamente a Barcelos, com sete anos de idade, onde estudou até ao 9.º ano de escolaridade. Após deixar os estudos, trabalhou numa empresa têxtil até aos 28 anos, altura em que fica desempregada.
Mediante este contexto, numa época em que o marido, Narciso Lourenço, precisa de uma pessoa que o ajude no negócio que tem por conta própria na área da pintura de telas a óleo e/ou acrílico, Luísa assume-se como uma solução para a expansão do negócio do marido. Assume algumas tarefas nesta área, nomeadamente a elaboração dos desenhos, a preparação das telas, das massas, dos vernizes, etc.
Em 2014, sente-se uma alteração das tendências decorativas de interiores, originando uma menor utilização de pinturas em telas, pelo que Luísa Pereira vê-se na necessidade de encontrar um ofício que minimize os efeitos provocados pela redução da venda de pinturas no negócio familiar. Assim, no sentido de procurar interligar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos na área têxtil, e com a paixão que desde sempre sentiu pelos trabalhos manuais e pela arte, faz as primeiras incursões criativas no artesanato contemporâneo, criando uma identidade própria e singular.
Numa terra em que a criatividade e a imaginação ditam a identidade, Luísa Pereira aposta numa produção artesanal elaborada a partir de materiais recicláveis, fundamentalmente papel, tecidos e materiais que a natureza proporciona. Afirma que a reciclagem é uma forma de proteger o ambiente e de contribuir para o embelezamento da arte. Apesar de ter como ideia base o figurado de Barcelos, apresenta uma nova roupagem, um estilo mais contemporâneo, ainda que inspirado nas tradições, na cultura, no mundo rural, na religião, no mítico, etc. A sua obra tem o aspeto do Figurado de Barcelos, mas obedece a outro processo produtivo e os materiais são distintos do barro.
As suas peças, pontualmente confundidas com as peças em barro, são na sua base elaboradas com uma pasta de papel feita pela própria, e caracterizam-se pela sua leveza e movimento, trazendo para o presente imagens e situações típicas de um passado não muito longínquo, recriando com realismo e expressão notáveis quadros de vida do quotidiano de outros tempos.
Luísa Pereira, detentora de um enorme talento natural artístico, é mais um exemplo vivo da criatividade das gentes locais que esteve na base da distinção de Cidade Criativa, no âmbito do artesanato e arte popular da Rede Internacional das Cidades Criativas da UNESCO.
